O começo do fim dos meus medos em relação à minha filha, motivo que me levou a recorrer a esta modalidade terapêutica, surgiu logo na primeira vez que consegui relaxar e vivenciar uma experiência que, depois, me levou a entender muitas outras coisas que aconteciam em minha vida.
-Eu era uma menina de, aproximadamente, doze anos. Com certeza, era eu. Eu sentia que era eu. Estava brincando em um lugar que, nesta vida atual, me era completamente desconhecido, ao mesmo tempo que, naquele instante, era-me conhecido bem demais. O via com muita emoção. Eu "estava" lá" . Trajava, então, um vestidinho xadrez, em tons de vermelho escuro e brincava em um pátio, feliz. Brincava com um amiguinho cujo nome eu 'não me lembrava'.
De um lado do pátio havia um chafariz, ou algo parecido. do outro, um paredão, com um corredor comprido, no qual havia 5 portas. Eu sabia que cada uma delas era uma casa. A minha era a quinta. Do pátio ao corredor, existia uma escada larga no comprimento, com três degraus. Era tudo de pedras. E eu sabia que na região havia muitas pedras brancas. E muitas flores amarelas. Eu lhes sentia o aroma, assim como sentia o cheiro da comida de 'minha' avó.
Eu tinha certeza de que eram pobres aquelas casas; pelo menos a "minha" o era: via as camas e no mesmo ambiente, uma mesa, onde comíamos. Lá vivíamos eu e minha avó. Eu a via, com uma saia preta e um lenço, também preto, amarrado em baixo do queixo. Ela era gorda e mais baixa. Em um dos lados do pátio, havia uma escadaria e um morro ou uma montanha. A escadaria ladeava este morro.
Descendo a escada, havia uma casa velha, pobre, amarela: era uma escola. Quando já adulta, eu ensinava lá.
E o tempo foi passando, me vi com 17 anos e esperava o mesmo amigo que brincava comigo quando criança. Meu amigo não veio. Senti, também, que minha avó já não existia.E, em pleno consultório, eu chorei.
E sentia frio, muito frio, tanto frio que só passou quando 'peguei' 'meu' casaco, pendurado em um prego, no único cômodo (não vi outros) da casa..E já não estava mais feliz. Estava muito triste.Desci a escadaria de pedras, saí em uma ponte de madeira, com as laterais em arcos.Passava uma carroça.Parei na escola e, ao mesmo tempo, interrompi a regressão, pois senti pela voz, que havia uma criança chorando e que esta criança era meu filho .Fiquei emocionada, não dei conta de continuar a sessão.
Antes de interromper a sessão, o terapeuta havia me feito algumas perguntas, tipo:
-Como você se chama?
-Ekaterina Nadoeva
-Onde você mora?
-Em Preslav, Bulgária
-Com quem você mora?
-Com minha avó (não me lembrava o nome dela)
-Cadê seus pais?
-Meu pai morreu na guerra, minha mãe eu não sei.
-Em qual guerra morreu seu pai?
-Na guerra para libertação da Bulgária. Ele veio da Rússia, com outros soldados.Morreu em 1877.
-Porque você está com tanto frio assim?
-Porque estamos no inverno. Aqui faz frio 6 meses do ano e depois, temos seis meses de calor.
Antes de continuar o relato, é importante fazer algumas ressalvas:
-Muitas vezes eu sonhei com este lugar, mas sem saber seu nome. Sonhava, também, com a velha que, na regressão, eu disse ser minha avó.
-Eu sempre gostei muito da Rússia, desde pequena. Já adulta, aprendi a língua russa e, devido ao estudo do idioma, aprendi muitas coisas sobre o país; mas sobre a Bulgária a única coisa que eu sabia era o nome de sua capital e que se situava no leste europeu, nos Balcãs, nada além disto. O país era comunista, muito fechado. Nunca conheci nenhum búlgaro, até então. Faço tais ressalvas, para afirmar que o conteúdo aflorado na regressão não saiu de páginas de nenhum livro ou de relatos de nativos daquele país. Na próxima sessão, retornei a esta mesma vivência, mas já com a idade de 27 anos, depois aos 30. Então, vi novamente meu amigo de infância, soube seu nome: era Vânio. Nós tivemos um filho, que reconheci, não sei como, sendo minha filha caçula nesta vida atual, a que me levou a procurar o terapeuta. Vanio e "eu" não nos casamos. NOsso filho tinha 4 anos quando Vanio se foi com outra; seu pai, rico, o forçou a se casar com moça da mesma condição social. Triste, me entreguei à bebida. Certo dia, estando completamente alcolizada, meu filho foi brincar no barranco e eu nem vi. Ele caiu e morreu. E "eu" era culpada!Eu não soube protege-lo, não tomei conta dele como deveria.O lugar era de risco e eu permiti com que ele corresse o risco que lhe tirou a vida.Depois disto, eu decidi não mais viver. Então, subi no mesmo ponto de onde meu filho caiu e me joguei. Me suicidei. Minha cabeça bateu em uma pedra.Eu me vi, então, já fora do corpo, olhava para baixo e via meu corpo.Na mesma hora senti uma dor horrível no lugar onde "eu bati a cabeça": lado direito, região frontal.
Fim desta vivência, que me ajudou a compreender o porque do meu pânico em relação à minha filha, que depois de mais duas sessões, desapareceu por completo. Passei a deixar a menina crescer com mais liberdade, de forma mais saudável e normal.
Esta regressão me fez procurar conhecer mais sobre a Bulgária, já que procurei um livreiro onde compro sempre meus livros e juntos, procuramos sobre a cidade de preslav.Nada encontramos. Então, passei a pesquisar tanto, que cheguei a ir à Bulgária, conhecer Preslav. Mas isto será matéria de um novo post, bem como as conseqüências que o suicídio deixou para mim, aqui e agora, na minha vida presente. Amanhã chegarei a este ponto. As seqüelas foram sérias e faço questão de expo-las, como depoimento do que pode acarretar a inconseqüência de um suicídio.
Olá querida,
ResponderExcluirVocê não me comunicou a existência deste blog.
Vi por acaso na Valéria e vim conferir.
Já me coloquei como seguidora e voltarei para ler.
Vim, agora, apenas para registrar minha presença, pois tendo uma consulta daqui a pouco.
Beijos.
Que fascinante... apesar de até poder ser doloroso, tomar conhecimento de tudo isso, acaba nos fazendo entender o porque de agirmos de determinadas maneiras, nesta existencia.
ResponderExcluirEstarei aguardando a continuidade, com certeza.
Querida, tenha um feliz dia...beijos...
Valéria
Fascinante... gostaria de ler a 3.ª parte!
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